
Designing on the Edge: Climate-Resilient Architecture in Portugal
Portugal sits between ocean and desert.
In the West, Atlantic winds impact the coast, cool villages, and temper climates. Inland, drought and desertification advance, degrading soils and ecosystems. This tension forces architecture in Portugal to operate under extremes.
Every year in summer, fires destroy forests and impact buildings, people’s houses and villages.
These are not isolated events but recurring ones, showing that climate change must be integrated into design strategies. Many of these impacts belongs to politics and land management, but architecture has a role at its own scale: with water-sensitive planning, regenerative land management and building design options for complete integration in the landscape.
An example is our project in Arouca, located in a region of annual wildfires dominated by eucalyptus forests. The design strategy preserved and reinforced a protective barrier of native trees oak, cork oak, and chestnut, while integrating a system for efficient water management through rainwater recovery and storage. This approach shows how architecture can combine fire resilience, ecological continuity, and resource efficiency in practice. (See more about the Arouca project).
In the last decades, the interior of the country has been abandoned. Depopulation makes land empty, erases knowledge, craft, and cultural identity. As architects, we must rethink how buildings and communities can be viable under these new extreme conditions: water scarcity, heat stress, and limited resources, while respecting cultural continuity.
Designing on the edge requires anticipation and adaptation.
Scarcity of water demands systems that capture, store, and reuse. Fire risk needs adaptable, resistant materials and landscape design.
Cultural resilience is highlighted by the value of earth walls, lime plasters, cork insulation, and local woods: ecological, breathable, and technically sound.
Technology’s role is a useful yet secondary player. For monitoring humidity in earth walls, optimizing thermal comfort, detecting fire risks, managing scarce water supplies. Innovation is most effective when coupled with, local, renewable, and repairable materials and hybrid techniques which balances technology and handcraft.
Clay regulates humidity, lime breathes, cork insulates , wood sequesters carbon.
The frontier is something combining culture and technology.
Portugal is a living laboratory of sustainable and regenerative architecture: breathable walls, fire-adaptive planning, integrated water cycles. What succeeds in Portugal’s interior can guide the world in facing similar threats.
Design must anticipate wind, fire, and drought and transform limitations and challenges into opportunities to innovate and solve problems.
Architecture on this edge becomes continuity, resilience, and foresight.
|PT|
Portugal está entre o oceano e o deserto.
A Oeste, os ventos atlânticos moldam a costa, refrescam as aldeias e temperam os climas. No interior, a seca e a desertificação avançam, degradando solos e ecossistemas. Esta tensão obriga a arquitetura em Portugal a operar em condições extremas.
Todos os verões, os incêndios destroem florestas, aldeias, edifícios e vidas humanas. Estes não são eventos isolados, mas recorrentes, mostrando que as alterações climáticas têm de ser integradas nas estratégias de projeto. Grande parte destas consequências pertence à política e à gestão do território, mas a arquitetura tem uma responsabilidade à sua própria escala: planeamento sensível à gestão da água, regeneração da paisagem e soluções construtivas integradas e contextuais no território.
Um exemplo é o nosso projeto em Arouca, localizado numa região de incêndios anuais dominada por florestas de eucalipto. A estratégia de projeto foi preservar e reforçar uma barreira protetora de árvores autóctones como carvalho, sobreiro e castanheiro e ao mesmo tempo integrar um sistema de gestão eficiente da água através da recuperação e reserva da água da chuva. Esta abordagem mostra como a arquitetura pode, na prática, combinar resiliência ao fogo, continuidade ecológica e eficiência de recursos. (Ver mais sobre o projeto de Arouca).
Nas últimas décadas, o interior do país foi sendo abandonado. A desertificação humana deixa o território vazio, apaga saberes, ofícios e identidade cultural. Enquanto arquitetos, temos de repensar a viabilidade dos edifícios e das comunidades nestas novas condições extremas: escassez de água, stress térmico e recursos limitados, respeitando ao mesmo tempo a continuidade cultural.
Projetar no limite exige antecipação e adaptação.
• A escassez de água exige sistemas de captação, armazenamento e reaproveitamento.
• O risco de incêndio pede materiais adaptáveis e resistentes, aliados ao desenho da paisagem.
• A resiliência cultural manifesta-se no valor das paredes de terra, rebocos de cal, isolamento em cortiça e madeiras locais: ecológicos, respiráveis e tecnicamente sólidos.
O papel da tecnologia é secundário. Para monitorizar a humidade em paredes de terra, otimizar o conforto térmico, detetar riscos de incêndio, gerir a escassez de água. A inovação é mais eficaz quando aliada a materiais locais, renováveis e reparáveis, e a técnicas híbridas que equilibram tecnologia e artesanato manual. A terra regula a humidade, a cal respira, a cortiça isola, a madeira sequestra carbono.
A arquitetura em condições extremas é o ponto de encontro entre cultura e tecnologia.
Portugal é um laboratório vivo de arquitetura sustentável e regenerativa: paredes respiráveis, planeamento adaptado ao fogo, ciclos integrados da água. O que resulta no interior de Portugal pode orientar outros contextos internacionais perante ameaças semelhantes.
O projeto deve antecipar ventos, fogos e seca, e transformar limitações e desafios em oportunidades de inovação e resolução de futuros problemas.
A arquitetura para condições de limite ou extremas, não se foca em “estilo”, torna-se continuidade, resiliência e visão.