The Death and the Renaissance
of Architecture
We could say that architecture is one of the oldest crafts in the world.
From striking monuments and public buildings to small houses, architecture was always part of humanity. As such, architecture has always evolved with humanity, expressing its culture in each historical moment.
During the last two centuries, architecture followed this evolution and became more democratic, becoming accessible to more people, and contributing to the evolution of industrial processes and technology. Almost everyone in the Western countries could acquire a “modern and comfortable” house!
This “trend of the modern” started a process of huge massification of architecture and design, mainly focused on economic and commercial goals. As a consequence, societies and ancient cultures suffered a huge impact, because traditional crafts disappeared, and architecture and design lost quality. They became global and standardised, using cheap materials, easy and fast to produce, often with a toxic impact on human health and the environment.
These materials were mostly plastic based, and they had no value, and no connection with any type of craft or art. This meant that they were easily disposable, depleting natural resources, and contributing largely towards actual climate change.
Our construction industry integrated the trends of consumerism and design. As such, they became easy to access, creating a “supermarket culture”, in which novelty is valued over innovation.
With the easy flow of information, this “supermarket culture” spread even faster and “images, styles and trends” became also disposable and easily replaceable. The “perfect” 3D renders began to substitute the complexity of the built reality.
“Flooded Modernity” by Asmund Havsteen Mikkelsen. Le Corbusier Villa Savoye.
But as always, architecture is following the evolution of our societies. Therefore, it is not dead but is in the process of being reborn! We are living through a challenging moment in time, with a growing critical mass, and movement of people, that is worried about the present and future of societies, and of course, about the environment.
We believe that architecture and design are not decoration or disposable, but the result of a creative, unique and differentiated process, that combines deep scientific and artistic research with a meaningful connection with the environment.
Architecture is therefore meant to connect with human beings and nature through natural and noble materials that last in time, through a high quality of design that express the values and culture of each person and community.
The real way to progress is the connection between the places in which we live and work and nature, in terms of energy efficiency and non toxicity, but also through our physical apprehension of reality (non-virtuality), touch and visual contact with textures that come from matter.
In this sense, the choices and meaning we attach to design and architecture, will strongly influence and participate in the global change we are living in.
|PT|
A morte e o renascimento da arquitectura
Poderíamos dizer que a arquitetura é um dos ofícios mais antigos do mundo.
De impressionantes monumentos e edifícios públicos a pequenas habitações, a arquitetura sempre fez parte da humanidade. Como tal, a arquitetura sempre evoluiu com a humanidade, expressando a sua cultura a cada momento da história.
Nos últimos dois séculos, a arquitetura acompanhou essa evolução e tornou-se mais democrática e acessível a mais pessoas, contribuindo para a evolução dos processos e tecnologias industriais. Uma grande percentagem dos habitantes dos países ocidentais puderam adquirir uma casa “moderna e confortável”!
Essa “tendência do moderno” iniciou um processo de enorme massificação da arquitetura e do design, progressivamente em direção a objectivos económicos e comerciais, de lucro. Como consequência, sociedades e culturas antigas sofreram um enorme impacto, porque o artesanato tradicional desapareceu e a arquitetura e o design perderam qualidade. A arquitectura tornou-se global e padronizada, usando cada vez mais materiais baratos, fáceis e rápidos de produzir, geralmente com um impacto tóxico na saúde humana e no meio ambiente.
Esses materiais eram principalmente à base de plástico e não tinham valor nem conexão com nenhum tipo de artesanato ou arte. Isso significava que eram facilmente descartáveis, esgotando os recursos naturais e contribuindo amplamente para as mudanças climáticas que vivemos hoje.
A nossa indústria da construção integrou as tendências de consumismo e design. Dessa forma, tornaram-se de fácil acesso, criando uma “cultura de supermercado”, na qual a novidade é valorizada sobre a inovação.
Com o fácil fluxo de informações, essa “cultura de supermercado” espalhou-se ainda mais rapidamente e “imagens, estilos e tendências” também se tornaram descartáveis e facilmente substituíveis. As renderizações 3D “perfeitas” começaram a substituir a complexidade da realidade construída.
Nesse sentido, existe uma “tendência” assumindo que a arquitetura está morta ou que estamos entrando em um período pós-arquitectura. Todos devemos nos adaptar à “cultura do supermercado”, transformando esse ofício antigo em apenas mais um bem ou mercadoria de consumo.
Mas, como sempre, a arquitetura está acompanhando a evolução das nossas sociedades. Portanto, não está morta, mas está num processo de renascimento! Estamos vivendo num momento desafiante, com uma massa crítica crescente e um movimento de pessoas preocupadas com o presente e o futuro das sociedades e, é claro, com o meio ambiente.
Acreditamos que a arquitetura e o design não são decorativos ou descartáveis, mas o resultado de um processo criativo, único e diferenciado, que combina uma profunda pesquisa científica e artística com uma conexão significativa com o meio ambiente.
Portanto, a arquitetura visa conectar-se com os seres humanos e a natureza através de materiais naturais e nobres que duram no tempo, através de uma alta qualidade de design que expressa os valores e a cultura de cada pessoa e comunidade.
O verdadeiro caminho para o progresso é a conexão entre os lugares em que vivemos e trabalhamos e a natureza em termos de eficiência energética e não toxicidade, mas também através da nossa apreensão física da realidade (não virtualidade), do toque e contacto visual com as texturas que provém da matéria.
Nesse sentido, as escolhas e o significado que atribuímos ao design e à arquitetura influenciarão e participarão fortemente na mudança global em que vivemos actualmente.